Agosto dourado: a importância da amamentação em tempos de covid-19
Estamos celebrando a Semana Mundial de Aleitamento Materno 2020 (#SMAM2020). Ela foi criada em 1992 e acontece dos dias 1 a 7 de agosto. Este ano tem como tema: "Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável", pois considera a importância da amamentação não apenas para a promoção da saúde das crianças e suas mães, mas para todo o meio ambiente. Além disso, o mês de agosto todo costuma ser dedicado ao tema, sendo chamado de "Agosto Dourado".
A prática do aleitamento pode proporcionar uma vida mais saudável, diminuindo o risco de doenças crônicas, alergias e infecções em crianças, e com benefícios nutricionais e emocionais para as mulheres e seus filhos. É muito interessante incentivar ao máximo a amamentação, pois além de ter mais benefícios como fazer parte de um sistema alimentar sustentável, não demanda custos para a família, não gera poluição, nem contribui para o aquecimento global.
No entanto, apesar de a amamentação ser um processo natural, apresenta muitos desafios e pode não ser fácil para todas as mães. Por isso, elas precisam de apoio e incentivo para iniciar e continuar a amamentação de seus filhos, como também precisam ser respeitadas e escutadas caso decidam não dar de mamar.
Esse ano, com a pandemia da covid-19, temos um desafio a mais. A situação pode gerar bastante medo pela possibilidade de transmissão do vírus para o bebê durante a prática do aleitamento, que requer contato íntimo entre mãe e filho.
Quanto a isso ainda temos mais perguntas do que respostas, mas os benefícios da amamentação se mostram superiores aos riscos da covid-19, sendo necessário tomar algumas medidas para um aleitamento seguro. Entenda mais sobre isso a seguir.
O que sabemos até agora sobre amamentação e covid-19?
Um estudo publicado na revista The Lancet foi realizado com recém-nascidos de mães positivas para covid-19 e é, até agora, uma das maiores pesquisas sobre o tema.
Os pesquisadores identificaram todos os recém-nascidos entre 22 de março e 17 de maio de 2020 em três hospitais de Nova Iorque com mães positivas para covid-19 no momento do parto. Dos 1.481 partos, 116 mães apresentaram resultado positivo.
Todas elas foram orientadas a amamentar na sala de parto, mas tinham que usar uma máscara cirúrgica e praticar uma higiene adequada das mãos antes do contato com o bebê, da amamentação e de cuidados de rotina. Nenhum dos recém-nascidos apresentou sintomas de covid-19.
Os dados sugerem que a transmissão do covid-19 da mãe para o bebê é improvável se forem tomadas as devidas precauções de higiene. No entanto, também reconhecem as várias limitações do estudo, incluindo a pequena amostra, curto período de acompanhamento e a necessidade de que sejam realizadas mais investigações.
De qualquer forma, até o momento, não existem registros de transmissão do coronavírus pela placenta ou no momento do parto, nem sua presença no líquido amniótico ou no leite materno. E, diante da importância da amamentação, que fornece saúde e o bom desenvolvimento dos bebês, não existe motivos para evitar ou interromper o aleitamento, desde que sejam tomados os devidos cuidados, independentemente de a mãe apresentar COVID-19 ou não.
Se a mãe não tem covid-19, também deve tomar alguns cuidados
O Ministério da Saúde reconhece a importância da amamentação e seguindo as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), definiu um fluxo de decisão para a amamentação, levando em consideração se a mãe tem suspeita ou confirmação de covid-19, ou não. Essa recomendação tem como base o que é preconizado pela OMS.
Dessa forma, caso a mãe não tenha suspeita ou confirmação de covid-19, deve ser apoiada e incentivada a amamentar o filho seguindo as mesmas recomendações para o aleitamento materno até então:
- Recém-nascidos: logo após o parto o bebê deve ser colocado em contato com a mãe e amamentado na primeira hora de vida;
- Para crianças menores de 6 meses: apoiar o aleitamento materno exclusivo (sem necessidade de consumir outros alimentos sólidos e líquidos, inclusive água);
- Crianças maiores de 6 meses: continuar o aleitamento com uma alimentação complementar.
No entanto, em tempos de covid-19, a mãe também deve ser aconselhada a lavar as mãos frequentemente ou usar álcool em gel 70% antes de tocar no bebê, e limpar ou desinfetar regularmente as superfícies do ambiente.
Se a mãe testou positivo para a covid-19, não é preciso evitar a amamentação
Após o parto, mesmo que a mãe apresente suspeita e sintomas de covid-19 (febre, tosse seca, cansaço, problemas respiratórios, perda de olfato e do paladar), o bebê deve ser colocado em contato com a mãe logo após cuidados de higiene para prevenir a contaminação (limpeza da mãe, troca de máscara, touca, camisola e lençóis), e amamentado se esse for um desejo da mulher e ela estiver em condições de amamentar.
O contato imediato melhora a regulação térmica do bebê e contribui para que a amamentação inicie mais rapidamente.
Ainda que a transmissão pelo leite ou no momento do parto pareça improvável, a mãe infectada pode transmitir o vírus como qualquer outra pessoa através de espirro, tosse e gotículas de saliva. Por isso, ela deve seguir essas medidas de higiene:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou utilizar álcool em gel 70%, principalmente antes de tocar o bebê.
- Usar máscara (caseira ou descartável) durante o aleitamento. É importante substituir as máscaras a cada mamada, quando estiverem úmidas ou quando tossir ou espirrar e não reutilizar as máscaras descartáveis.
- Espirrar ou tossir em lenço de papel que deve ser descartado imediatamente.
- Limpar ou desinfetar regularmente as superfícies.
Se a mãe não conseguiu amamentar porque estava muito doente pela covid-19 ou mesmo por causa de outra doença, ela deve ser apoiada em relação à sua saúde geral, e orientada a ter uma boa alimentação que ajuda na recuperação. Assim que se sentir bem, pode começar o aleitamento.
Lembrando que, nesse caso, a mulher também pode extrair o leite, manualmente ou através de bomba elétrica, sempre adotando medidas de higiene. Isso permite que o bebê receba o leite materno, como também que a produção de leite materno continue sendo estimulada para o momento em que ela esteja recuperada e possa dar de mamar.
Apesar da importância da amamentação, ela pode não ser possível, nem desejável, sendo necessário a utilização de fórmulas infantis, como recomendado pelo Guia Alimentar para as crianças menores de dois anos.
Apoie a amamentação e as mães
A importância da amamentação é inegável, mas como a maternidade em si, é um momento de muito aprendizado e insegurança. Por isso, em qualquer dos casos, esteja a mãe com covid-19 ou não, ela precisa acolhimento e também receber apoio do cônjuge, familiares e profissionais de saúde.
O aconselhamento adequado sobre amamentação pode ajudar as mães a terem mais confiança, respeitando suas condições e escolhas individuais.
O apoio adequado também pode capacitar as mulheres a superar desafios e impedir práticas de alimentares inadequadas que possam interferir na amamentação e na saúde do bebê.
Esse apoio deve se estender durante a fase de introdução alimentar para que haja uma alimentação infantil sem grandes dificuldades, como também ao longo de todo o curso da vida.
Bon appétit!
Sophie Deram
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