Açúcar não é veneno e você está liberado a comer aquele docinho sem culpa
Sophie Deram
13/12/2017 04h00
Crédito: iStock
Pular a sobremesa, usar adoçante no cafezinho pós-almoço, passar longe daquela mesa de brigadeiro na festinha. Quem quer diminuir o consumo de doce –seja por motivos de saúde, ou para emagrecer– geralmente começa por aí, não é verdade?
Um pouco mais complicado do que isso é cortar o "açúcar escondido", aquele que a gente não percebe que está comendo. Por exemplo: como saber a quantidade de açúcar que tem numa bolacha recheada, em um copo de refrigerante ou no iogurte com frutas? Hoje estou aqui para ajudar a responder estas questões e facilitar a vida de quem quer viver em paz e comer um docinho sem culpa.
Começo com uma boa notícia. O açúcar não é vilão e pode ser consumido em quantidade moderada. Ele nos traz energia e prazer ao comer. Por isso, aprender a lidar com ele é melhor do que banir. Então, que tal um meio termo?
Açúcar não é veneno
Tenho visto uma crescente associação do açúcar a conceitos muito pesados, como "veneno" ou "droga". Como se tivéssemos que ter medo de um suposto poder viciante que ele tem. Mas esse discurso é um pouco exagerado. Não existe comprovação de que os doces possam agir no organismo como uma droga.
Além disso, colocar o açúcar como o único culpado pelo aumento da obesidade e diabetes só faz com que as pessoas tenham uma visão simplista da alimentação e fechem os olhos para outras coisas importantes. Quando o ideal seria rever a alimentação como um todo e não simplesmente resistir ao pudim depois do almoço de domingo.
Acho triste ver famílias cortando todo o doce da alimentação dos filhos. Seria mais interessante buscar fontes de mais qualidade na alimentação com uma relação mais tranquila. Por exemplo: o açúcar de um bolo caseiro não vai fazer mal para ninguém se for inserido dentro de uma alimentação variada e uma vida ativa.
Vale reforçar: o açúcar que você usa quando cozinha é mais fácil de administrar que o açúcar que está inserido em muitos dos alimentos prontos que compramos.
De olho no açúcar escondido
Quando falo em açúcar escondido me refiro basicamente aos alimentos processados ou ultraprocessados – ou seja, os alimentos produzidos pela indústria. Não quero dizer que não é para comer nada empacotado, e sim, que é preciso fazer escolhas melhores e mais conscientes.
Para isso, é bom saber que entre os alimentos processados mais ricos em açúcares estão refrigerante, suco em pó ou de caixinha (néctar), cereal açucarado, bolacha recheada. Isso sem falar nos molhos para salada, massas para bolos, e até mesmo nos alimentos salgados (pães, salgadinhos) ou produtos considerados "saudáveis", como barrinhas de cereais e vários tipos de iogurtes e bebidas lácteas. Precisa cortar tudo isso? Não. Mas é bacana entender um pouco melhor os rótulos. Sua saúde irá agradecer!
Mas o rótulo parece bula!
Concordo, às vezes parece mesmo. Por isso não precisa ler todos os rótulos do que está comprando. Pode valer a pena sim olhar quando está na dúvida entre a escolha de dois produtos ou para ficar atento ao que está comprando e comendo.
Então vamos lá. O açúcar muitas vezes aparece com outros nomes na lista de ingredientes, como xarope de glicose, xarope de açúcar, açúcar invertido, açúcar líquido, farinha de arroz, açúcar de milho, mel… Para facilitar as coisas, aí vai uma regra bem simples: a lista de ingredientes aparece de forma decrescente, ou seja, o que está no topo da lista tem em maior quantidade.
Sendo assim, ao fazer essa comparação entre os produtos e optar por alimentos com menor teor de açúcar, você terá uma grata surpresa no médio prazo, que é a mudança do seu paladar – para melhor!
Faça pequenas adaptações no seu dia a dia, tentando usar o açúcar em menor quantidade, mas sem radicalismo. Vale a pena não cortar, mas sim, diminuir seu paladar doce! Se fizer isso de forma gradual e consciente, não precisará abrir mão das coisas gostosas que adoçam sua vida.
Bon appétit!
Como sempre, essas dicas são informações gerais e não podem substituir as indicações de um profissional de saúde. Procure acompanhamento médico ou de um nutricionista. Juntos, vocês podem traçar um plano interessante, sem precisar sacrificar aquele docinho que traz tanta alegria.
Sophie Deram
Sobre a autora
Sophie Deram é uma nutricionista franco-brasileira, autora do best-seller “O Peso das Dietas”, palestrante, pesquisadora e doutora pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) no departamento de endocrinologia. Defende a importância do prazer de comer para a saúde e a ideia de comer melhor e não menos. Sophie não acredita nas dietas restritivas e no “terrorismo nutricional”. Desenvolve programas online para transformar a relação das pessoas com comida e ensina profissionais de saúde sobre nutrição que alia ciência e consciência.Leia mais no site da Sophie Deram: https://www.sophiederam.com/br/
Sobre o blog
Dicas, reflexões e estudos sobre a relação do nosso corpo com a comida, com foco em alcançar uma relação tranquila com os alimentos e, assim, obter um peso saudável. Esse é um espaço que passa longe dos modismos alimentares. Aqui promoveremos mudanças de hábitos que vão te ajudar a viver melhor. Acredito que o ser humano se nutre de alimentos e sentimentos.