Como prevenir a obesidade infantil? Estudo indica direções
A obesidade é um problema de saúde crescente no Brasil e no mundo, que atinge também as crianças e os adolescentes.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2018, cerca de 40 milhões de crianças menores de cinco anos estavam acima do peso, e em 2016, 131 milhões de crianças de 5 a 9 anos, 207 milhões de adolescentes e 2 bilhões de adultos. Aproximadamente um terço dos adolescentes e adultos com excesso de peso e 44% das crianças entre 5 e 9 anos eram obesas.
O excesso de peso em crianças aumenta o risco de obesidade durante a vida adulta e também pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardíacas. Mas a saúde física não é a única afetada, também há consequências para a saúde mental, com baixa autoestima e sintomas de depressão.
O IMC (Índice de Massa Corporal) é a forma mais simples e de menor custo para diagnosticar a obesidade, inclusive a infantil. Como na avaliação de adultos, usa-se o peso dividido pela altura ao quadrado para o cálculo do IMC, mas os pontos de corte estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) são distintos e levam em consideração também o sexo e a idade.
Vale lembrar que o IMC, isoladamente, não é o parâmetro mais confiável, pois as causas da obesidade infantil são múltiplas e envolvem fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais, socioculturais e psicológicos. Seu diagnóstico e avaliação necessitam considerar diversos elementos.
Diante disso, um estudo financiado pela Universidade de Ciências Médicas de Hamadan, no Irã, forneceu informações sobre 14 fatores comportamentais que podem ajudar a como prevenir a obesidade infantil.
Comportamentos que influenciam a obesidade infantil
De acordo com esse estudo, que é uma revisão sistemática e metanálise, para saber como prevenir a obesidade infantil é importante uma visão abrangente e clara dos fatores que contribuem para o excesso de peso entre as crianças. Conhecê-los deve ser uma prioridade que pode ser implementada para o desenho e a execução de estratégias eficazes de intervenção e de prevenção.
O objetivo foi avaliar a associação entre sobrepeso e obesidade infantil em relação a 14 fatores comportamentais. No total, foram identificados 34 537 estudos e selecionados 199 deles para serem efetivamente avaliados, totalizando 1 636 049 participantes.
Os resultados sobre os fatores associados com o sobrepeso e obesidade infantil mostraram que 3 deles podem reduzir significativamente o risco de obesidade infantil:
- Atividade física suficiente.
- Tomar café da manhã todos os dias.
- Comer doce mais de 3 vezes por semana.
Enquanto que outros 5 fatores de risco podem aumentar esse risco:
- Amamentação por menos de 4 meses.
- Sono inadequado (foi considerado suficiente dormir pelo menos de 9 a 12h por dia para crianças de 6 a 12 anos ou de 8 a 10h por dia para crianças de 13 a 18 anos).
- Assistir televisão mais de 2 horas por dia.
- Consumir bebidas açucaradas mais de 4 vezes por semana.
- Fumar.
Os demais fatores comportamentais não apresentaram efeito significativo sobre a obesidade infantil:
- Consumo suficiente de frutas e vegetais.
- Jogar no computador mais de 2 horas por dia.
- Comer lanches mais de 4 vezes por semana.
- Comer fast-food mais de três vezes por semana.
- Comer alimentos fritos mais de três vezes na semana.
- Consumir bebidas alcoólicas.
Se quer saber como prevenir a obesidade infantil, tenha como foco o estilo de vida
Esses resultados apresentam uma associação contraditória e refere-se ao consumo de doces que inesperadamente diminuiu o risco de obesidade, enquanto o consumo de bebidas açucaradas aumentou esse risco.
Os autores sugerem algumas explicações. De acordo com eles, as bebidas com alto teor de açúcares geralmente são servidas com as refeições, levando a uma ingestão calórica adicional, o que poderia impor às crianças um maior risco de sobrepeso e obesidade.
Já os doces geralmente são consumidos entre as refeições, podendo reduzir o apetite das crianças no almoço e no jantar e reduzindo a ingestão de calorias.
As sugestões do artigo vão todas no sentido de identificar uma menor ou maior ingestão calórica, mas é bom lembrar que a qualidade dos alimentos e o modo como comemos também influencia bastante no ganho de peso e na saúde. Essa pode ser uma limitação do estudo, sendo necessárias mais pesquisas para esclarecer essa questão.
Além disso, os comportamentos mais significativos na redução do risco de obesidade foram a atividade física e o hábito de tomar café da manhã todos os dias. Do mesmo modo, comer fast-food ou alimentos fritos e consumir frutas e vegetais não apresentou significância.
Talvez isso mostre que o foco para prevenir a obesidade infantil não deve ser nos alimentos em si, nem na ingestão calórica, mas no modo como comemos e na adoção de um estilo de vida saudável.
Um novo olhar sobre como prevenir a obesidade infantil
A obesidade infantil necessita de educação e apoio adequados para que as crianças possam adotar hábitos saudáveis que ajudem na proteção da saúde. Esse apoio deve vir dos adultos, como pais, familiares, professores, profissionais de saúde e outros cuidadores.
Geralmente os programas de prevenção e os tratamentos para a obesidade envolvem restrições, proibições e têm como foco o peso, porém esse tipo de abordagem não parece estar surtindo o efeito esperado na redução da obesidade.
Pensando nisso, idealizei o Manifesto para um novo olhar sobre a obesidade, que busca discutir abordagens que podem ser mais efetivas e que buscam o respeito pelas pessoas com obesidade, em qualquer idade, além de tratamentos sem dietas restritivas.
Considerando essas abordagens, aqui estão 8 dicas para você aprender a como prevenir a obesidade infantil.
- Não foque no peso. Não é ele que define a saúde. As crianças têm estruturas corporais diferentes e a composição da gordura corporal varia de acordo com vários estágios de desenvolvimento. Além disso, podem existir pessoas saudáveis de todos os tamanhos. Por isso, tenha como metas as pequenas mudanças da rotina e dos hábitos da família.
- Busque mudanças de estilo de vida para todos da sua casa. Uma das formas de melhorar a alimentação das crianças e adolescentes é a adoção de hábitos saudáveis por toda a família.
- Incentive a prática de atividade física. Isso não precisa ser uma obrigação, o melhor é procurar brincadeiras e atividades do dia a dia que proporcionem prazer e mantenha o corpo ativo. Você pode planejar atividades que forneçam exercícios a todos os familiares, como caminhar, pedalar e dançar.
- Reduza o tempo que você e sua família gastam em atividades sedentárias, como assistir televisão e jogar no computador. Você pode definir horários e um tempo máximo para esse tipo de lazer.
- Não proíba o consumo de determinados alimentos. Muitos pais proíbem o consumo de balas e doces. No entanto, quando nos sentimos proibidos de comer determinados alimentos é comum que o desejo por eles aumente. Com isso não quero dizer que as crianças devem comer doces sem nenhum critério, mas apenas que a proibição pode não ser a melhor estratégia.
- Ofereça mais alimentos in natura. Aumentar o consumo desse tipo de alimento é uma forma de melhorar a alimentação e pode levar a um menor consumo de alimentos ultraprocessados.
- Defina horários junto com seu filho. Comer, dormir, estudar, ter momentos de lazer… todas as tarefas cotidianas necessitam de um tempo e podem ser combinadas com a criança.
- Se necessário, busque ajuda de profissionais! Se você acredita que seu filho está passando por problemas com a alimentação, o mais indicado é que procure ajuda qualificada para dar apoio nesse momento.
Bon appétit!
Sophie
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